segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Manifesto do Partido Comunista - Análise Crítica

Este trabalho possui o intuito de fazer uma análise crítica acerca da Obra escrita por Karl Marx e Friedrich Engels intitulada de “O Manifesto do Partido Comunista” escrito em 1848 na Europa. De modo geral, a teoria política abordada no texto possui um carácter revolucionário descrito especificamente com o intuito de modificação e transformação da sociedade em que os autores estão inseridos. Isto se dá através de uma contatação de que analisando a história da humanidade sempre que algo se transformava nesta sociedade havia uma luta de classes envolvida, contatando inicialmente que as mudanças se dão através de uma luta, e que esta luta que gera as revoluções.
“O Manifesto” é uma obra de convocação da classe proletária e trabalhadora para se unir contra a opressão burguesa que se instaurava na época, onde a burguesia abusava da mão de obra operária nas grandes fábricas e manufaturas visando apenas o lucro e a produção. Então constata-se que no contexto dos autores precisava-se instaurar a luta entre os proletários e a burguesia, para com isso aproximar-se do que seria a base desta obra filosófica, o comunismo, este segundo o qual estava tornando-se conhecido em toda a Europa, mas faltava alguém com coragem para convocar os trabalhadores a fazer parte.
A ideia central do comunismo é uma ideologia onde haveria igualdade de classes, iniciando-se primeiramente por uma tomada do poder pela classe trabalhadora, para distribuição da renda que neste período encontrava-se apenas nas mãos da burguesia, para assim implementar uma sociedade de   igualdade de direitos e de condições de vida, onde o estado seria interventor e teria a obrigação de prover os bens primordiais e imprescindíveis as condições de vida humana. Nesta sociedade haveria saúde educação, segurança e empregos de igualdade de valor.  Onde não haveria exploração dos trabalhadores, pois todos trabalhariam pelo bem social e pela subsistência da comunidade como um todo.
A ideia do comunismo proposta por Marx e Engels sugere que se todos possuíssem um papel social de igual valor, viveriam em coletividade e não haveria exploração, superprodução, má distribuição da renda nas mãos de poucos, pois todos possuiriam iguais condições sociais. Com isto, seriam abolidas as noções de sociedade privada e o individualismo que se insere na sociedade do capital(sociedade capitalista), não haveria a necessidade da posse individual e elitista. O comunismo vai contra o poder na mão de poucos, a propriedade privada, a cultura burguesa elitista, o velho conceito de família imposto pela burguesia patriarcal, que gera preconceitos e segregações, mulheres e homens seriam tratados com igualdade de direitos e o nacionalismo ultrapassado, seria deixado de lado por um nacionalismo reacionário, onde o bem coletivo iria se sobrepor ao bem individual.
A obra trata de uma alternativa ao capitalismo que é segundo os autores uma ideologia alto destrutiva pois só se mantém se os meios de produção se alterassem periodicamente, Marx e Engels relatam como se formou a classe burguesa, como o campo tornou-se submisso a cidade e descreve é ao mesmo tempo uma convocação da classe trabalhadora e proletária que vem sido há muito tempo explorada, a lutar por melhores condições de trabalho, de direito e salários que fizessem jus ao lucro que a burguesia recebia com suor dos trabalhadores das fábricas e manufaturas, pois o empresário burgues que era detentor da propriedade, pouco suava para a resultante do trabalho das fábricas e era o que recebia toda a lucratividade da mesma, enquanto que milhares de trabalhadores com jornadas abusivas de trabalho, mal recebiam para sua subsistência.
A questão da abolição da propriedade privada que é no capitalismo uma simbologia sendo esta puramente meritocrática e visando apenas o acumulo de capital, é extinta por Marx e Engels pois esta, seria no comunismo propriedade do estado, que seria distribuída igualmente pelo mesmo aos produtores de diferentes tipos de manufaturas atendendo a todas as necessidades da sociedade envolvida na produção. Sendo necessário a utilização desta propriedade para a produção que atendesse a demanda de todos na sociedade, sendo a produção daquela propriedade um direito de todos os cidadãos em igualdade, esta propriedade seriam então não posse de um burgues que visa apenas o acumulo de capital, mas de todo o povo, visando a distribuição igualitária e justa a todos.
A ferramenta metodológica utilizada no texto é uma retórica persuasiva, a ideia do marxismo é  a tentativa de entender como se constitui a sociedade, qual a intenção dinâmica desta sociedade, é a tentativa de compreender a natureza humana, em tentar compreender ainda essa valorização do capital e dos produtos, ao invés da valorização do outro, sendo assim, é possível identificar em Marx um carácter humanista, de consideração do humano como produto de maior valor, enquanto que na ideologia do capital, a produção e o produto seriam os maiores bens e maiores valores para a sociedade. Neste sentido a teoria Marxista é ainda uma teoria muito atual, ela descreve o capitalismo melhor que ele mesmo, ela personifica a ideia de burguesia como nunca antes havia sido feito e graças a ela revoluciona o capitalismo pode ser aprimorado e mais humanizado do que antes era concebido.
Existe uma identificação de que a luta de classes é o que provoca as crises e revoluções sociais, o que sempre ocorreu ao longo de toda a história dos seres humanos, escravos e senhores, opressores e oprimidos. Com isto o sistema de castas, hierárquico e de repressão e opressão é posto a prova com a sugestão de uma sociedade pautada na igualdade de classes. Onde as relações de poder não tivessem tanta potência quanto a comunidade e a atividade do grupo. O principal valor seria o bem de todos. Este ideal de igualdade foi diversas vezes criticado e nunca consistiu em ocorrer na história da humanidade, tendo um carácter utópico, visto que os ideais capitalistas já estão enraizados nos nossos valores atuais, o que cria um abismo entre as duas ideologias. O capitalismo promoveu a popularização das cidades, esvaziou o campo, explorou o povo, oprimiu o trabalhadores e transformou o mundo em um grande mercado onde apenas sobrevive quem cooperar com o acumulo do capital, criando assim um grande mercado mundial. A burguesia que surgiu deste ideal, substituindo os feudais, simboliza os ideais capitalistas.
Marx e Engels elaboraram uma obra onde no primeiro capítulo trata-se da definição da burguesia e do proletário, da relação entre eles e da revolução executada pela classe burguesa que os fez detentores entre outras coisas da própria política da época. “O desenvolvimento da grande industria abala sobre os pés da burguesia a própria base sobre a qual ela produz e se apropria dos produtos. A burguesia produz acima de tudo seus próprios coveiros, seu declínio e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis.”(Manifestdo do Partido Comunista – Marx e Engels – Capítulo I – página 57 – 1º Parágrafo)
O segundo capítulo trataria de relacionar o pensamento dos proletários e trabalhadores com o pensamento comunista, o ideal comunista, produzindo uma união do pensamento e uma disposição geral de identificação entre os dois, visando atrais os trabalhadores para a ideologia. Sugere que os trabalhadores se unam de modo organizado para a obtenção de seus direitos e pela luta para a revolução social proposta pelo comunismo este pensamento pode ser visto até hoje com a presença dos sindicatos dos trabalhadores, que possuem um intuito semelhante de constituição de uma sociedade mais igualitária e justa. A luta proposta no segundo capitulo seria pelo poder da classe trabalhadora como força de trabalho e verdadeira responsável pela produção e pela lucratividade do burgues, demonstrando a força do proletário e da classe trabalhadora no momento e no contexto que estava inserida. O segundo capítulo parece descrito de modo direcionado a burguesia, é possível identificar a presença de ironia e uma dialética retórica onde é possível observar pergunta e respostas. Neste capítulo ficam claros os objetivos do comunismo tais como a derrubada da dominação burguesa, a união da classe trabalhadora que conquistaria o pode político tirando a propriedade da burguesia e do poder privado. Conclui o capítulo enumerando algumas medidas que deveriam ser adotadas para a constituição da revolução comunista e afirmando que como proletário no poder, extinguiria a luta de classes e transformaria a mentalidade da sociedade, que tomaria consciência da necessidade de uma vida coletiva.
Para concluir em seu terceiro capítulo, Marx e Engeles identificam e traçam os detalhes que constituiriam uma ideologia comunista, quais seriam os aspectos levados em consideração. Como ferramenta para essa constituição os autores expõe diferentes tipos de socialismo já antes pensados tais como; socialismo reacionário; socialismo conservador; socialismo utópico. Ao longo do capítulo vai argumentando sobra as falhas de cada uma das ideologias, traçando os prós e contras, e lapidando a teoria comunista como a unica válida para a igualdade, a justiça e a vida em grupo. Produz críticas e recorta o lado positivo dos diferentes socialismos. No socialismo reacionário observa 3 vertentes; feudal, pequeno burgues e o socialismo alemão todos considerados por ele como socialismos retrógrados e voltados sempre para os pequenos burgueses que teriam interesse em retomar o poder. No socialismo conservador observa-se o interesse burgues em manter a classe trabalhadora sob controle, não havendo a possibilidade de lutar ou de se rebelar, ele precisa do proletário e prega a dependência dele para a manutenção de um estado burguês. No socialismo utópico, apesar de ser o mais próximo da teoria comunista, pois possui um carácter que considera a luta de classes e, o mesmo não propõe um carácter político aos trabalhadores e proletários do que não se tornariam nem mesmo se sentiriam convocados a produzir uma revolução, promovendo uma reação, mas sem um carácter político.
Por fim, é possível observar e concluir através de uma análise crítica da obra proposta, que a teoria Marxista revolucionou a sociedade como um todo, Marx entendeu o capitalismo melhor do que o próprio capitalismo, apesar da sua proposição de uma teoria antagônica. O comunismo contribuiu para a constituição de melhores condições de vida aos trabalhadores, as mulheres e as crianças, promoveu uma revolução nos direitos dos mesmo e é até hoje considerado como uma teoria ideal para a luta de classes. Além de tudo Marx identificou o problema que é infelizmente ainda hoje um dos maiores problemas do capitalismo, a má distribuição de renda, o abismo social e a luta de classes opressoras e oprimidas. Apesar de seu carácter moderno o Marxismo faz-se hoje ainda como uma teoria contemporânea de análise social, econômica e política. “o marxismo volta-se para a compreensão da estática imanente à dinâmica social, concebendo a sociedade como uma segunda natureza e debruçando-se sobre o sempre-igual de fenômenos como o fetichismo da mercadoria. Hoje, no entanto, quando o engessamento do capitalismo parece ter chegado ao fim, muito do que se diz no Manifesto volta a ter uma inesperada atualidade.” (Ricardo Musse – Professor de Filosofia da FFLCH – Universidade de São Paulo – Artigo A atualidade do Manifesto Comunista – Publicado em 03 de maio de 2013)
Para concluir é importante lembrar que Marx compreende que os trabalhadores não possuem nada a perder, e que é necessária que se faça a união entre a classe para atingir o tão idealizado comunismo. “Por fim, Marx lança a sua proclamação, de que os proletariados não têm nada a perder a não ser “os seus grilhões”, dessa maneira única forma de atingirem os seus objetivos é pela união.” (Jefferson dos Santos Mendes – Professor de história no SESI/RS - Artigo O manifesto comunista e suas idéias – publicado na revista virtual consciencia.org – Em 20 de fevereiro de 2008)

Bibliografia:
MARX, Karl. Manifesto do partido comunista (Karl Marx com Friedrich Engels) – Tradução de Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2008.
MENDES, Jefferson dos Santos (Professor de história no SESI/RS) – “Artigo O manifesto comunista e suas idéias “ / publicado na revista virtual consciencia.org – Em 20 de fevereiro de 2008.

MUSSE, Ricardo ( Professor de Filosofia da FFLCH – Universidade de São Paulo) – “Artigo A atualidade do Manifesto Comunista” /  Publicado em 03 de maio de 2013.

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