Que comece o desabafo!

Fui instruída a falar tudo que eu estou sentindo, para não carregar nenhum peso nas minhas costas. A escrita sempre me convém  para ser compreendida em minha plenitude e para aliviar a minha dor. Sinto-me mal, sinto-me cansada, desmotivada e triste com a vida, talvez eu esteja com depressão não sei. Mas como a poderosa Bia está triste? Olha a vida dela! Pois é, esse comentário num momento não está ajudando. Pois a cobrança social interna que eu possuo já me questiona sobre isso, e isso só me deixa mais culpada e mais pra baixo. Então vamos pensar, o que aconteceu comigo e porque me sinto assim ao invés de julgar a minha dor sem conhecê-la.

Até setembro do ano passado durante aquela maldita greve das universidades publicas, eu estava vivendo em paz, realizando a vida, estava empolgada, me tornando forte e conquistando coisas das quais não consegui enxergar o valor. Dai em diante foi uma sucessão de desilusões que culminaram na pessoa fragilizada que vocês aqui veem! Eu fui para o mundo e não soube ganhar, por insegurança, por medo e por não acreditar no meu potencial. Com isso, quase morri várias vezes, fui humilhada, me senti não podendo controlar minha própria vida, enfim. Fiz tudo errado. E quais foram as consequências disso?

As aulas voltaram e eu não tinha forças para fazer, não fui a faculdade e perdi o semestre todo, isso atrasou minha formatura e aqui estou eu, em agonia. Assisti a morte de uma pessoa, aquilo foi chocante pra mim, e após isso, não encontrei carinho no olhar das pessoas, apenas frieza. Na semana seguinte fui roubada e me levaram muita coisa, principalmente uma parte da minha inocência  uma parte de minha bondade. Sou uma menina amável e acredito nas pessoas, mas nos últimos tempos só tenho me iludido e desiludido, isso me deixou pra baixo e está me tornando uma pessoa pior.

Mas entre tantos dilemas dos quais eu vivo, este me corrói, como conviver com a dor de me tornar uma pessoa pior para me proteger de um mundo não tão amável quanto eu? Devemos nos vender e estragar nosso carácter em prol de uma adaptação, em prol de uma necessidade? Devemos negar a nós mesmos em função da convivência com os outros? Ou ser afogados por tubarões cruéis que se mordem num mar de gente desesperada e inescrupulosa? Não sei senhores!

Ainda tenho esperança que as coisas vão melhorar pro meu lado, quero acreditar que esse mundo ainda tem lugar para as pessoas legais, para as pessoas amáveis e que estas ainda podem se cercar de outras pessoas boas e amáveis que não sejam aproveitadoras e abusadas. Bem, vamos que vamos, seguindo numa busca que parece uma eterna estagnação. Pois o mundo está tão carente de bondade que é uma raridade poder confiar em alguém, minha soma é lenta e desleal, mas o mundo não é um lugar justo, e isso com muita dor eu já estou aprendendo.