O texto realiza uma abordagem
científica acerca do método em um embasamento epistemológico, escrito por
Miriam Limoeiro na década de 70, existe no texto uma aproximação com a teoria
do conhecimento e o pensamento marxista, efetuando uma negociação entre a
ciência e a filosofia. O texto expõe uma análise social do conhecimento,
buscando investigar, analisar e criticar as diferentes metodologias e o modo
como o conhecimento científico acontece na contemporaneidade.
Em um primeiro momento o texto
aborda o método cartesiano, que é uma epistemologia a partir do conhecimento
da natureza, onde um conjunto de regras seria responsável por garantir os
resultados, ou seja, o conhecimento científico, uma técnica que levaria a
padrões pré estabelecidos de pesquisa, limitando a obtenção do conhecimento ao
método do pesquisador, sem a possibilidade da discussão para a criação de
novos métodos ou novos critérios científicos, neste sentido a autora coloca uma
critica a Descartes, com objetivo de demonstrar sua influência moderna nos
métodos da contemporaneidade.
No período contemporâneo, o método
cartesiano não consegue mais dar conta no âmbito das pesquisas científicas,
pois o método estava se modificando e começando a ocorrer a análise da teoria a
partir de um formato bem mais complexo, hoje há um rigor que impede o
desenvolvimento de um trabalho com uma metodologia seguida tão severamente, em
padrões pré-estabelecidos, tendendo sempre a questão dos discursos de validade.
A partir dai o que se desenvolve é a experiência, como primordial no sentido da
relação entre teoria e realidade., ou seja, uma prova.
No texto é possível conceber novos
formatos de problematização do conhecimento, uma metodologia da pesquisa com
proposta de avanço para a Ciência, através do desenvolvimento de um método
técnico, racional, dotado de possibilidades que enxergue de modo reflexivo,
como uma ferramenta científica, as limitações da pesquisa. Sendo o método um conjunto de perguntas e
respostas para a elaboração de um conhecimento, como desenvolver uma
fundamentação teórica a partir disso? O conhecimento é uma relação entre o
sujeito(pesquisador) e o objeto de sua preocupação teórica. Essa relação ocorre
através da responsabilidade do pesquisador em compreender que suas formulações
deveriam ser dotadas de explicações, motivações e com embasamento no contato
direto como objeto de estudo.
A relação entre o pensamento e o
sujeito, baseia-se em uma explicação concreta sendo essa parcialmente aceita
pela sociedade. Não se constroem teorias sem interações sociais, pois são
nessas que encontram-se as linguagens científicas, é importante acompanhar o
discurso através da episteme e entender que individualmente não se constrói a
ciência, não sendo possível sem a interação social obter um objeto de pesquisar
sólido. Segundo o texto, a realidade, o real, a ciência da natureza, importam
assim como para Descartes, mas não é o real que comando o processo de
desenvolvimento conhecimento da sua
própria inteligencia. A realidade torna-se objeto de pesquisar apenas quando
relacionada a algo.
A ciência é uma abstração a teoria,
ela foge ao método, um dado científico apenas se constitui através do
pensamento e do desenvolvimento do novo. Em um processo de teorização a
pesquisa e o pesquisador lidam com os afetos de um modo que deve ser livre de
dogmas, atendo-se apenas a episteme. Essa relação dialética entre observador e
objeto, que geram um diálogo observador/objeto necessitam enfrentar uma ruptura
para transcender o “objeto real”, dotado de distintas linguagens, apenas
perceptivo, pautado no senso comum, atingindo com isto o “objeto científico”,
que explica a realidade e possui linguagem e caráter científicos.
É importante compreender que a
realidade não possui uma voz própria, a voz do real é a da racionalidade, é a
do pensamento, um pensamento produz uma linguagem que gera um conhecimento
científico ou uma linguagem ideológica, faz-se necessário então um empirismo,
uma ferramenta científica de experimentação do mundo, gerando sim uma
intervenção, ou seja, uma interferência do pesquisador sobre o objeto de estudo
e sobre a teoria, mas é importante entender que há neste teórico um caráter de
construtor da teoria, enquanto no empírico um carácter de verificador e
validador da teoria enquanto prática.
Dentro da prática de pesquisar é
importante compreender que nada surge “do nada”, existe uma descontinuidade,
onde um projeto parte de uma outra pesquisa já desenvolvida anteriormente,
experimentada e validade empiricamente por um outro pesquisador, porém é
importante entender que as teorias apesar de se utilizarem umas das outras para
a criação de novas teorias, se distinguem pois os métodos se diferem, isto
é não existe uma continuidade dentro das
pesquisas teóricas. Cada grande vanço científico está marcado pela descontinuidade.
Para compreender melhor o pensamento
desenvolvido no texto, existe um fluxograma que visa demonstrar que uma das
características mais relevantes da ciência é o partir da descontinuidade, onde
uma nova teoria acaba sempre por romper metodicamente a anterior, sendo a
ciência uma incorporação do novo para a criação, mas com uma característica
comum a odas as teorias científicas, o rompimento com o senso comum. A ciência
deve buscar sempre servir a sociedade, e mesmo aquilo que um dia foi
conhecimento avançado e arrojado, pode tornar-se vulgar e antiquado, mas jamais
perderá sua característica de conhecimento. Ou seja, descontinua-se o método e
o objeto mas não desconsidera-se jamais aquela teoria.
O fluxograma que pretende desenvolver
melhor um esquema didático para a compreensão dos elementos teóricos, separando
as etapas de desenvolvimento de um esquema teórico em duas, uma antes do romper
com o senso comum e uma outra após. No ponto inicial da pesquisa encontra-se o
senso comum, a experiência sensível, linguagem do senso comum, após o
desenvolvimento teórico, dotado de método, técnica e um objeto real, atingi-se
um ponto de não retorno, que seria um limite de avanço que levaria ao
rompimento com este senso comum. Após este rompimento, tem-se experiência do
método científico, pautada em ma crítica a um outro método científico que a
antecede, gerando através da linguagem do método uma teoria nova de
entendimento do real no espaço-tempo.
O problema que se sucede é o
problema da neutralidade do pesquisador em não inserir conhecimentos
ideológicos dentro da sua pesquisa científica pois a ciência e a constante
contestação da realidade como é imposta, as pessoas que não fazem ciência
acreditam na ciência como ela se constitui sem haver questionamentos, o
cientista deve sempre romper com o conformismo de uma teoria, mesmo que esta
seja dele próprio, buscando sempre esta ruptura com o senso comum exposta no
fluxograma textual. Pois toda a teoria tem seu poder transformado com o tempo,
isto está marcado pela descontinuidade das descobertas científicas que se tem
conhecimento até a contemporaneidade.
Sendo assim, o método, que é o
objeto de pesquisa do texto, não possui um carácter absoluto no entendimento da
autora, os métodos se transformam, estão presos ao tempo em que se
caracterizam, eles se modificam como as antigas teorias, os antigos
conhecimentos, para os métodos não existem normatizações, não existem
carácteres, não existem regras, eles se reinventam, como a própria ciência,
livre de preconceitos, distanciando-se da mera sistemática cartesiana. A
ciência se reinventa, ela se acumula, mas é sempre pautada na descontinuação e
em suas criações e produções de conhecimento teórico.
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